BIO
Talvez o livro que mais me influenciou tenha sido o Reinações de Narizinho de Monteiro Lobato, que ganhei de minha mãe quando ainda cursava o primário. Esse livro e seu autor abriram meus olhos para o mundo maravilhoso da literatura. Nunca mais parei, desde então leio tudo que me cai nas mãos.
Li tudo de M. Lobato e de Malba Tahan. Li e leio autores brasileiros, estrangeiros e os clássicos. Os livros abriam meus olhos, ensinavam-me sobre a vida e o mundo; enriqueciam, estimulavam e alimentavam meu cérebro. Foram essenciais para minha formação e as escolhas que fiz. Despertaram em mim uma insaciável sede de aprender e, daí veio a vontade de me tornar cientista: escolhi Física, que cursei na USP. O prazer da leitura despertou o amor pela palavra escrita. Sonhei ser escritor. Na infância iam para o papel as fantasias de uma mente fértil. Na adolescência, ler e escrever serviam de refúgio e autoterapia para as inquietudes próprias da idade. Tão ou mais importante que os livros em minha vida, foram as mulheres. |
Desde cedo elas exerceram papel fundamental na minha formação. Em contraste, a presença masculina foi notável por sua ausência.
Mãe, bisavó, avó e uma irmã de minha mãe eram presença constante desde o berço. Elas eram mulheres fortes, corajosas, destemidas, que viveram e sobreviveram sem ajuda masculina. Minha bisavó e avó, ambas analfabetas, enviuvaram cedo, na década de 20, e não se casaram novamente. Enfrentaram e venceram todos os obstáculos, criaram os filhos e ganharam a vida pelos seus próprios meios. Depois da adolescência, outras mulheres surgiram. Algumas, como vieram se foram, outras ficaram, se tornaram namoradas e amigas. Elas corrigiram meus erros, me ensinaram, aceitaram minhas esquisitices, enriqueceram minha vida. Principalmente, me amaram incondicionalmente. Nunca tentaram me ancorar, ao contrário, me encorajaram e me deram asas para voar. Tive imensa sorte, amei e fui amado sem restrições! Fui abençoado e sou agradecido. De certa forma, o que escrevo é um tributo a elas, que de uma maneira ou outra me transformaram no homem que sou. |